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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Negócio da China

Nota do blogueiro: Este post ficará mais fácil de engolir ao som de Ramones! Afinal, a NBA está vivendo em uma "Chinese Rock" atualmente...

Diz a sabedoria popular que "37 não é febre". Mas 17, na NBA, virou febre...

17 é o número da camisa do jovem armador Jeremy Lin, nova sensação da Liga. E a trajetória meteórica do rapaz - alçado à condição de nome mais comentado por torcedores e jornalistas esportivos nos EUA nas últimas duas semanas - tem todos os ingredientes de história de Cinderela. Ou LINderela, como se diz por aqui...


Aos 23 anos, filho de imigrantes taiwaneses, Jeremy Lin é uma jóia rara. Graduado em Economia por Harvard - só a universidade mais famosa e elitista dos Estados Unidos, e sem qualquer benefício de bolsa-atleta (embora tenha jogado pelo time da escola) -, Lin ingressou na NBA em 2010-2011, como um mero armador reserva do modesto Golden State Warriors (time para o qual aprendeu a torcer durante a infância na Califórnia). Passou boa parte de seu rookie year na lista de inativos. Chegou a fazer alguns treinos pelo Houston Rockets - casa da primeira (desculpem pela péssima expressão...) "febre amarela" da NBA, com Yao Ming - mas não foi chamado para ficar.

Em 2011-2012, com todas as idas-e-vindas da polêmica greve de 161 dias (que atrasou o início da temporada em quase um mês e meio), Lin tinha tudo para ficar fora da NBA. Foi pescado pelo New York Knicks na bacia das almas, tirado do Eire BayHawks (time da Liga de Desenvolvimento, uma espécie de "Segundona" da NBA). E acabou alçado a titular pelo técnico Mike D'Antoni por causa de todas as mudanças provocadas no time com as contusões das estrelas Amar'e Stoudemire e Carmelo Anthony (aliás, foi Melo quem sugeriu a D'Antoni que Lin deveria jogar um pouco mais).

D'Antoni até chegou a dizer que Lin "deu sorte por estarmos jogando tão mal", em referência ao fiasco dos Knicks contra o Boston Celtics (derrota por 91 a 89, após estarem com a vitória nas mãos) e às atuações modestas dos armadores Mike Bibby, Toney Douglas e Iman Shumpert (além do lesionado Baron Davis). Tudo indica que Lin seria dispensado pelos Knicks antes do deadline de 20 de fevereiro, abrindo vaga no time para uma contratação pelo resto da temporada. Sorte que eles estavam jogando tão mal...

"LINsano" fez sua estréia como armador titular dos Knicks em 6 de fevereiro, contra o Utah Jazz. Jogou 45 minutos (quase a partida toda), marcou 28 pontos e deu oito assistências na vitória por 99 a 88. Desde então, a franquia de Nova York não sabe o que é perder. Já são sete partidas. E se contar a boa atuação que ele teve ao sair do banco na vitória por 99 a 92 contra o New Jersey Nets (25 pontos e sete assistências após 36 minutos em quadra), a "LINsanidade" é ainda maior.


Na última semana, a coisa ganhou proporções incontroláveis. Quando os Knicks receberam os Lakers no Madison Square Garden, em 10 de fevereiro, após o time de Los Angeles arrancar uma bela vitória para cima dos arqui-rivais Boston Celtics (na prorrogação), em pleno TD Garden, a "LINsanidade" se consolidou como problema de saúde pública em Nova York.

Kobe Bryant e o técnico Mike Brown chegaram à Big Apple dizendo que "sabiam muito pouco" a respeito de Lin e que não conheciam a tal "LINsanidade". Após verem o armador sino-americano lhes ministrar uma aula de basquete - 38 pontos e algumas jogadas de cair o queixo -, os Lakers foram embora exaltando "como Lin é um jogador completo e agressivo". Aprenderam na base da dor - a melhor forma de fixar uma lição, de acordo com meu primeiro professor de caratê.

E ele aprontou de novo. Terça passada (dia 14), em Toronto, acertou um tiro de três pontos faltando menos de um segundo para o final da partida, selando a vitória dos Knicks por 90 a 87 sobre os Raptors (time do armador brasileiro Leandrinho Barbosa, que no lance anterior havia tentado - e falhado - encaixar uma bola de três para colocar os donos da casa em vantagem).

Toda hype à parte, a verdade é que Lin já fez história. Esta semana tornou-se o primeiro jogador desde a fusão da NBA com a defunta ABA (American Basketball Association, em 1976-77) a somar 136 pontos em suas cinco primeiras partidas como titular - e também já havia quebrado os recordes para as três (89 pontos acumulados) e quatro (109) primeiras partidas como titular. Não à toa, foi escolhido pela NBA como "O Jogador da Semana" pela Conferência Leste na semana passada.

Além de revelação, Lin é um bâlsamo para a NBA. # 1 - ele é mais um canal de acesso para a Liga explorar o vastíssimo mercado asiático, e o chinês em particular (que andava meio desanimado desde a aposentadoria precoce do não-mais-que-razoável Yao Ming). # 2 - ele é o catalisador do sucesso do New York Knicks, franquia-chave do mercado mais importante dos EUA (alguém hoje se lembra que os Knicks tiraram o pivô Tyson Chandler a peso de ouro dos campeões Dallas Mavericks?). # 3 - ele realmente joga demais e complementa, tecnicamente, um time que até então era recheado de excelentes alas (Carmelo Anthony e Amar'e Stoudemire) e tinha em Chandler uma resposta para o garrafão, mas ainda carecia de um "cérebro" na posição 1.

E pensar que até semana passada o rapaz dormia no sofá do apartamento de um amigo em Nova York...

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